sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

AS LIÇÕES DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL

A crise econômica mundial mostrou a todos o lado perverso de um sistema financeiro desregrado, que permitiu que executivos inescrupulosos auferissem grandes lucros, através de transações excusas e arbitrárias, que em nada se relacionavam com o honesto investimento em produção e consumo.

Porém, serviu para chamar a atenção para um macro cenário que está a beira do caos, pois se o mundo todo pretender crescer indefinidamente, certamente teremos que ter outros planetas para onde levarmos nosso crescimento.

Esta crise nos alertou para uma série de questões que devem ser analisadas profundamente por cada um de nós, mas principalmente alertou para a necessidade de redimensionamento das perspectivas de crescimento mundial. E mais, para o quê, de fato compreende o conceito de "crescimento mundial". Se crescimento estiver atrelado a exploração, industrialização, distribuição, consumo e descarte, linearmente constante, de produtos e serviços, estamos em frente ao que pode ser considerado, o maior impasse já enfrentado pelo Homos Economicus.

Muito tem-se falado sobre os rearranjos econômicos, as quedas das taxas de juros dos países desenvolvidos, as valorizações e desvalorizações cambiais oriundas destas "turbulências" internacionais, mas ao meu ver, pouco ou quase nada tem-se falado da necessidade de uma profunda mudança de paradigma que deverá (ou deveria) advir deste momento.

Estamos caminhando, como nação global, a passos largos para o esgotamento de nossas reservas naturais de vários insumos importantes para a composição de produtos manufaturados, e a busca de novas tecnologias limpas, mais eficientes e menos poluentes, parecem ficar como um pano de fundo, um discurso rançoso de um grupo minoritário, ou até mesmo pouco relevante, entre toda a incerteza atual.

Creio que seria justamente neste momento, onde o sistema capitalista dominante está questionando a eficácia (e em alguns casos, a existência) de seus mecanismos de controle, que oportunizaram aos seus mais "ilustres" representantes apropriarem-se indevidamente da contribuição de muitos trabalhadores (mesmo que boa parte do "problema" tenha sido criado por intermediários, e não pelos usuários finais destas transações, como no caso dos mutuários do sistema de habitação no mercado americano), que deverá surgir uma nova forma de se relacionar, no mais amplo sentido desta expressão.

Certamente serão criadas novas regras, locais e globais, para os mercados financeiros, por mais complexas que sejam estas regras, e por mais longos que sejam estes debates para finalizarem em acordos. Da mesma forma os governos de Estado se erguerão mais consolidados, e por certo, mais capacitados para dialogarem com o setor privado (que durante pelo menos os últimos 50 anos foi o detentor do "conhecimento e do poder econômico).

Não se pode acreditar na premissa de que os "lucros são privados e os prejuízos são públicos", sem imaginar uma grande convulsão mundial, o que fará com que os detentores do poder neste planeta, se unam em torno de uma solução consenssuada (como num jogo de soma zero), onde as novas premissas se baseiem em um pouco mais de equilíbrio, tanto econômico-financeiro, como social e ambiental.

E é justamente neste momento que a Sociedade Civil Organizada deve unir seus esforços de observação, informação, controle e radicalização democrática e estar presente e atuante. É através da mobilização destes ativos, da otimização do capital social construído nos últimos anos, valendo-se dos espaços conquistados por cada um, individual e coletivamente, que devemos contribuir para promover esta mudança, e mostrar que de fato, as lições da crise econômica mundial foram aprendidas, e que serão aplicadas na construção de um modelo socioeconômico mais justo, igualitário e inclusivo.

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