sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A Crise é mais séria e suas consequências serão mais profundas

É importante termos em mente que o mundo nunca mais voltará a ser o que era antes desta crise. E por mais difícil que isto possa ser, quero dizer que graças a Deus não seremos mais o que éramos.

Já era sabido (por todos neste planeta), que não poderia durar para sempre aquele modelo de desenvolvimento sócioeconômico baseado em exploração inconsequênte de recursos naturais e humanos. Não poderia durar para sempre o alto padrão de vida desfrutado pelos países ricos, às custas do uso indiscriminado das matérias primas in natura, e da mão de obra mal remunerada dos países pobres.

Após a experiência que Brenton Woods deixou para o mundo, ficou mais fácil antever a profundidade e seriedade desta crise. Atualmente não estamos num momento pós-guerra (mais ou menos, nunca ficamos sem guerras neste planeta), estamos num momento pós-deteriorização do sistema capitalista, pós-interferência climática severa e pré-esgotamento de recursos. Se o mundo só se "rearranja" e cria acordos de cooperação após períodos de devastação de sistemas significativos, sejam eles econômicos ou sociais, pois bem, a hora é agora!

Brenton Woods levou aproximadamente 15 anos para chegar a ser, de fato, adotado em todo o mundo (entenda-se, países desenvolvidos). Espero que desta vez o mundo seja mais ágil e "acorde" (em ambos os sentidos, de fazer acordos e de despertar), entre si, pelo benefício de todos os seres vivos em geral, e da raça humana em particular.

Nunca na história dos Fóruns Mundiais (econômico e social), foi tão importante a abordagem de temas cruciais ao planeta, nunca foi tão necessário que se cheguem a consenso, relativo ao significado do "desenvolvimento", mas não apenas no sentido do crescimento econômico-financeiro, mas no sentido do amadurecimento de uma espécie, a humana, e de tudo que ela está deixando sobre a face da Terra.

Sou uma otimista, creio que deste terrível momento que estamos vivendo, onde várias famílias estão sendo afetadas pelo desemprego e queda da qualidade de vida (e a minha não ficou isenta!), onde as empresas estão sendo seriamente afetadas pela crise financeira, e os governos estão ainda meio atônitos e apáticos perante tudo isto, que possa haver uma saída mais inteligente, mais criativa, justa e eficaz que irá mudar novamente a "cara" do mundo.

Só que agora, as nações em desenvolvimento não serão desconsideradas, pois até mesmo elas já conquistaram seu espaço nesta agenda. Agora todos estaremos presentes nesta arena defendendo interesses que possam ser compartilhados entre todos, não somente entre alguns.

O mundo literalmente "aqueceu", e não foi só por causa dos gases de efeito estufa, que estão provocando calamidades em todos os lugares, mas "aqueceram" também as necessidades de ajustes. O sistema colapsou e agora precisar ser reiniciado de uma forma mais sustentável.

Para mim, o final deste período turbulento será uma nova ordem mundial, e espero sinceramente (tenho trabalhado arduamente para isto), que seja mais racional, mais democrático, mais transparente, e por que não torcer: mais justo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Prestando um Desserviço ao Desenvolvimento

As recentes teorias e metodologias focadas na Promoção do Desenvolvimento Local apregoam que a mobilização dos ativos sociais, como o Capital Social Local, promovem movimentos proativos, que culminam com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, através da geração de trabalho e renda e inclusão social.

Mas o que vem ocorrendo (com muita frequência) nas propostas inovadoras de desenvolvimento local por algumas administrações públicas, tem sido exatamente o contrário. É como se estes políticos conhecessem somente o começo da teoria, esqueceram-se de aprender sobre o resto, sobre como, de fato, se promovem estes resultados. Sim, por que formulação de políticas públicas de promoção do desenvolvimento, não significa exatamente a efetiva promoção.

É muito bonito o discurso, mas a prática está ficando feia!

As políticas públicas que mobilizam o capital social local, promovem uma série de ações nas comunidades de base, articulando e agregando pessoas e instituições em busca de um objetivo comum, levando-os a pensar que existirá um futuro melhor, e que este futuro depende do esforço conjunto de todos.

Mas como pensar que associações de moradores e clubes de mães, serão capazes de levar a diante esta mudança em busca de um futuro melhor, se o Estado não está fazendo a parte dele?? Como esperar que a iniciativa privada invista os milhões de reais necessários para fazer esta realidade acontecer, se todas as partes não estiverem absolutamente preparadas para isto???

Não basta o discurso de que "agora sim estamos promovendo mudanças na vida das comunidades carentes, pactuando com a iniciativa privada este compromisso". Esta frase não passa de palavras quase que sem sentido. Já é tempo de este tipo de política ser extinta, não existe mais espaço para esta desvalorização de conceitos e de crenças.

Quando se promove este tipo de mobilização social, e não é dado o correto andamento ao processo, acaba-se criando uma situação ainda pior, pois todo o capital social mobilizado será desperdiçado, gerando um movimento negativo, tão ou mais forte que foi o movimento inicial.

De que vale tanto esforço e promessas, se o final vai ser o mesmo? Ao fim e ao cabo, o que estas políticas promovem é uma verdadeira descrença popular em qualquer tipo de movimento promovido por estas políticas públicas, e se perdem as melhores ideias e técnicas de sucesso.

Ou os políticos aprendem a começar e a terminar suas propostas, ou ainda viveremos muitos anos na falsa promessa de que a vida vai melhorar.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

AS LIÇÕES DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL

A crise econômica mundial mostrou a todos o lado perverso de um sistema financeiro desregrado, que permitiu que executivos inescrupulosos auferissem grandes lucros, através de transações excusas e arbitrárias, que em nada se relacionavam com o honesto investimento em produção e consumo.

Porém, serviu para chamar a atenção para um macro cenário que está a beira do caos, pois se o mundo todo pretender crescer indefinidamente, certamente teremos que ter outros planetas para onde levarmos nosso crescimento.

Esta crise nos alertou para uma série de questões que devem ser analisadas profundamente por cada um de nós, mas principalmente alertou para a necessidade de redimensionamento das perspectivas de crescimento mundial. E mais, para o quê, de fato compreende o conceito de "crescimento mundial". Se crescimento estiver atrelado a exploração, industrialização, distribuição, consumo e descarte, linearmente constante, de produtos e serviços, estamos em frente ao que pode ser considerado, o maior impasse já enfrentado pelo Homos Economicus.

Muito tem-se falado sobre os rearranjos econômicos, as quedas das taxas de juros dos países desenvolvidos, as valorizações e desvalorizações cambiais oriundas destas "turbulências" internacionais, mas ao meu ver, pouco ou quase nada tem-se falado da necessidade de uma profunda mudança de paradigma que deverá (ou deveria) advir deste momento.

Estamos caminhando, como nação global, a passos largos para o esgotamento de nossas reservas naturais de vários insumos importantes para a composição de produtos manufaturados, e a busca de novas tecnologias limpas, mais eficientes e menos poluentes, parecem ficar como um pano de fundo, um discurso rançoso de um grupo minoritário, ou até mesmo pouco relevante, entre toda a incerteza atual.

Creio que seria justamente neste momento, onde o sistema capitalista dominante está questionando a eficácia (e em alguns casos, a existência) de seus mecanismos de controle, que oportunizaram aos seus mais "ilustres" representantes apropriarem-se indevidamente da contribuição de muitos trabalhadores (mesmo que boa parte do "problema" tenha sido criado por intermediários, e não pelos usuários finais destas transações, como no caso dos mutuários do sistema de habitação no mercado americano), que deverá surgir uma nova forma de se relacionar, no mais amplo sentido desta expressão.

Certamente serão criadas novas regras, locais e globais, para os mercados financeiros, por mais complexas que sejam estas regras, e por mais longos que sejam estes debates para finalizarem em acordos. Da mesma forma os governos de Estado se erguerão mais consolidados, e por certo, mais capacitados para dialogarem com o setor privado (que durante pelo menos os últimos 50 anos foi o detentor do "conhecimento e do poder econômico).

Não se pode acreditar na premissa de que os "lucros são privados e os prejuízos são públicos", sem imaginar uma grande convulsão mundial, o que fará com que os detentores do poder neste planeta, se unam em torno de uma solução consenssuada (como num jogo de soma zero), onde as novas premissas se baseiem em um pouco mais de equilíbrio, tanto econômico-financeiro, como social e ambiental.

E é justamente neste momento que a Sociedade Civil Organizada deve unir seus esforços de observação, informação, controle e radicalização democrática e estar presente e atuante. É através da mobilização destes ativos, da otimização do capital social construído nos últimos anos, valendo-se dos espaços conquistados por cada um, individual e coletivamente, que devemos contribuir para promover esta mudança, e mostrar que de fato, as lições da crise econômica mundial foram aprendidas, e que serão aplicadas na construção de um modelo socioeconômico mais justo, igualitário e inclusivo.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Promoção do Desenvolvimento Local

A amplitude do conceito de Desenvolvimento Local vai muito mais além do que Crescimento Econômico, deve ser consideradas as variadas esferas do desenvolvimento, passando pelo social, ambiental, comunitário, estrutural e evidentemente o econômico.

É importante ter sempre em mente estas dimensões, para não correr o risco de atribuir o conceito a uma sociedade o fato de ser "desenvolvida", sem avaliar a sua real extenção.

Este é o tema a ser discutido neste blog.